sexta-feira, março 04, 2005

Reflexos?? Porquê? Como?

Reflexos miotáticos

É de todos conhecido o martelo de reflexos, espécie de ex-libris do neurologista. Os melhores são compridos, flexíveis e com a superfície de percussão elástica – os martelos – sem outra utilidade que não seja a pesquisa dos reflexos miotáticos. Os reflexos miotáticos prolongam o exame motor, contribuem para esclarecer os achados do exame da força muscular. Tal como em relação à força muscular a sua avaliação serve o objectivo de localização, mas com menos importância nesse aspecto: os reflexos miotáticos são poucos, uma dúzia, sujeitos a influências fortuitas e com grandes variações dentro da normalidade. Os reflexos miotáticos são sobretudo úteis na delimitação temporal dos defeitos motores, porque têm padrões de modificação ao longo do tempo que são diferentes para lesões TL e TS (ad contrario, e se fôr conhecido o perfil temporal de um deficite, podem ser úteis para afirmar a sua natureza TL ou TS).
Os reflexos miotáticos resultam do mais simples dos fenómenos neurológicos: o arco reflexo. Como todos os reflexos é uma resposta simples e unívoca a um determinado estímulo, é constante e reprodutível, e é independente do controle voluntário. A sua característica mais destacada é a repetição: cada estímulo de igual intensidade leva o sistema nervoso a responder monotonamente da mesma maneira. A actividade reflexa de que resulta um reflexo miotático passa-se exclusivamente a nível segmentar: um estímulo entra para a medula pela raiz posterior e origina uma resposta que sai da medula pela raiz anterior, sem abandonar o mesmo segmento. Estímulo e resposta estão conectadas por uma única sinapse e por isso se pode acrescentar o nome do fenómeno com mais um apelido: arco reflexo monossináptico, monossináptico por parte da sinapse.
A percussão com um martelo de reflexos de um músculo ou do seu tendão dá origem a uma distensão rápida desse músculo – o mesmo que aconteceria se percutissemos sobre um elástico esticado. No interior do músculo existem receptores – terminações nervosas – com uma configuração especial capaz de reagir a essa distensão. A especulação sobre qual deveria ser a forma ideal de um receptor capaz de reagir à distensão, levaria decerto a uma maioria de respostas: uma mola. Foi exactamente isso, um receptor com uma configuração espacial que o assemelha a uma mola, que a natureza providenciou. Encontram-se semeados entre as fibras musculares, têm como função detectar o estiramento súbito do músculo e foi convencionado dar-lhes o nome de receptor ânulo-espiral.
O estiramento destes receptores vai gerar um estímulo que viajará rapidamente, saltando de nódulo de Ranvier em nódulo de Ranvier, através de fibras sensitivas – fibras que são parte integrante de um nervo misto periférico, que engloba fibras sensitivas e motoras.

4 comentários:

Anónimo disse...

Gostaria de saber quem é o autor deste texto. Mt obrigado.

Anónimo disse...

Você poderia ser mais sucinto e claro! porque, infelizmente ao invez de esclarecer gerou-se mais dúvidas.

Obrigado

Gilsimar

Gustavo Barros disse...

Discordo do comentário acima, adorei a forma como tu escreveu, parabéns!


Gustavo Restier

Eduardo Neves Soki disse...

Se te deixou dúvidas, é porque te despertou ao conhecimento. Pois a Filosofia é a sabedoria que busca à si mesma...