quarta-feira, dezembro 22, 2004

Felicidade plena é doença?

"Felicidade plena é doença?

Há algum tempo, tomei conhecimento do suicídio de um jovem de 25 anos, filho de poderoso empresário nacional. O rapaz teria deixado um bilhete com a explicação:
"- Enjoei de viver, nada me falta, tenho tudo, perdi o tesão de viver..."
As pessoas comentavam a inacreditável razão para o tresloucado gesto (expressão consagrada da crônica policial) e me interrogaram sobre isso. A gente ouve dizer acerca de desesperados que se matam por perderem algo ou alguém, por falta de emprego, ciúmes, depressão grave... mas, por tudo ter?
Gostava de brincar com meus filhos ao entrar no BH-Shopping, exclamando, do alto do 3° andar, bem no átrio daquele templo de consumo: "- Graças a Deus, não preciso de nada disso aí!". E remendava, diante do espanto: "- ... mas quero muitas coisas!". O alívio era imediato.
Somos seres do desejo, além de animais necessitados. Para além da satisfação do que chamarei de necessidades instintivas (alimento, abrigo, oxigênio, sono, etc.) o ser humano se constitui como tal por ser desejante. Não nos basta conseguir sobreviver, queremos mais e mais. É o que Freud chamou de pulsão, o correlato psíquico dos instintos.
A pulsão busca a satisfação por qualquer meio, custe o que custar, "o que quero é gozar", diria o puro impulsivo. Assim agem as pessoas impulsivas que, diante de um obstáculo ou mobilizados pela força pulsional, avançam sobre a presumida fonte de sua satisfação e se mostram agressivas e sem controle diante de qualquer frustração.
O desejo, porém, é um refinamento e o ser desejante diria: "- O que quero é gozar... de uma certa maneira!". É mais ou menos a diferença entre a fome e o apetite. O apetite nos propicia a escolha por determinado alimento, o requinte, a espera, o adiamento da satisfação. A pulsão sexual, por exemplo, poderia ser satisfeita por qualquer objeto sexual. Já o ser-desejante escolhe a parceria por razões puramente individuais e, sempre, inconscientes. Isso, irônicamente, explica tantas escolhas errôneas - ou incompreensíveis ao senso comum - de parceiro(a)s! Aqui aparece o que chamamos amor (!?).


O que causa o desejo é, portanto, algo que não se vislumbra objetivamente, ou seja, um objeto perdido, faltoso, A FALTA!
Ah, bom! assim é possível entender as razões do jovem suicida: se nada lhe falta (é lógico que se trata de uma percepção totalmente enganosa), então o desejo morre e o sujeito sucumbe: "Sem tesão não há solução", diria o terapeuta-escritor Roberto Freire.
O deus-Mercado tem-se esmerado em oferecer objetos para a satisfação dos consumidores, lançando novidades, gadgets, quinquilharias; a Ciência promete juventude eterna; a Indústria do Entretenimento derrama sexo-drogas-rock'n roll sobre corações e mentes e os bichinhos humanos correm como ratinhos de laboratório atrás das migalhas... alguns correm a vida inteira; mais alguns impulsivos buscam compulsivamente adquirir tudo e cada vez mais; outros,
enfim, se cansam de tanta oferta e caem no tédio - depressão, desinteresse por tudo, anorexia, auto-extermínio.
É necessário recuar diante de tanta oferta, buscando descobrir o próprio desejo - o que não é fácil, irmão. "

Artigo gentilmente escrito por Cláudio Costa - psiquiatra, psicanalista e blogueiro

Agradecimento

Queria desde já agradecer ao Jornal do Blogueiro por amavelmente nos indicar como destaque semanal. Além desta referência uma palavra de aprezo aos blogs Tou na lua, Lusofolia, Clube De Mulheres, Sem Qualquer Nexo,JornaBlogar, Crónicas de uma boa Malandra, Luz e Sombra, Kotações e o Blog Sem Senso Comum pelos seus links. A partir deste momento este blog terá também uma secção de links das quais constarão links com ligação recíproca assim como blogs que a equipa considere interessantes e se enquadrem na divulgação de informação que este blog tenta manter.
A todos os meus agradecimentos!

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Procrastinação

A procrastinação (derivada do latim: procrastinatiõne) consiste no acto de adiar tarefas constantemente, assim como numa incorrecta ordenação de prioridades, colocando aquelas com menor índice de importância primeiro que outras munidas de maior importância para o indivíduo no momento, como a realização de um trabalho ou o estudo para uma frequência.
Aquilo que o senso comum apelida normalmente de preguiça pode-se tratar na realidade de procrastinação, dependendo do comportamento manifestado pelo indivíduo, comportamento esse que, em casos extremos, afecta auto-estima, desempenho escolar ou laboral, interacção social assim como saúde física e mental.
Um corpo em repouso tende a permanecer em repouso se não for sujeito a forças, a procrastinação é, essencialmente, inibidora do surgimento dessas mesmas forças levando o indivíduo a um estado de inércia, o que obviamente afecta a sua vida pessoal.

Como causas deste tipo de comportamento podemos encontrar correlações com:
  • Má gestão do tempo
  • Condições Fisicas
  • Condições Ambientais
  • Ansiedade em situações de avaliação
  • Ansiedade relativamente a expectativas sociais
  • Crenças e Comportamentos não adaptativos
  • Medo do Fracasso
  • Baixa Tolerância à Frustação
  • Etc..

Um dos exercícios que o procrastinador pode aplicar em si mesmo de modo a tentar combater este adiamento de tarefas é uma espécie de auto análise que consiste em escrever num papel as vantagens de adiar a tarefa, e posteriormente escrever as desvantagens. Após uma breve ponderação o sujeito é capaz de compreender o comportamento erróneo.

Mais tarefas são incitadas no procrastinador tais como: planeamento rígido de tarefas, estruturação específica e detalhada de objectivos, a quebra gradual da inércia, racionalidade durante o conflito interno que leva ao adiamento ou não da tarefa, fornecer auto reforços positivos quando se atinge um objectivo e o assimilar de métodos de controlo e gestão do tempo até que se tornem rotineiros.

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Interactividade

O Blog Do Conhecimento, encontra-se disponível, como sempre se encontrou e sempre se encontrará, para receber textos da autoria dos seus leitores de modo a serem publicados neste espaço. Os artigos não serão submetidos a qualquer tipo de censura, no entanto só serão publicados se se enquadrarem no espírito incutido nesta equipa de troca de conhecimento, ou a disponibilização online de informação que leve os seus leitores a quererem saber mais sobre determinado assunto, já que nenhum de nós tem a pretensão de ensinar tudo sobre uma matéria mas sim incutir curiosidade e motivação para temas que nos dizem respeito a todos.
Esperando a vossa participação eu me despeço respeitosamente.

Os artigos devem ser enviados para het@netvisao.pt

sábado, dezembro 04, 2004

Flores Man

Ao contrário da fraude que foram os cadáveres gigantes encontrados na Arabia Saudita foi noticiado há pouco tempo uma descoberta que vem revolucionar alguns conceitos da evolução humana, assim como dar mais validez à teoria de Darwin sobre evolução e adaptação dos seres vivos, conforme o meio em que se encontram e todo o tipo de características do terreno (comida, fornecimento de água, espaço, etc), mas desta vez foi encontrada a aplicação dessa teoria em seres humanos.
Como noticiado pela Nature, uma das mais conceituadas revistas científicas a nível mundial, foram descobertos na Indónesia 8 cadáveres de uma espécie humana completamente diferente que devido às suas características foram apelidados de "hobbits", já que possuem aproximadamente um metro de altura e um terço do tamanho craniano do homem actual, sendo datados de há cerca de 18 000 anos, o que indica terem coexistido com o homo sapiens.

Mais sobre esta descoberta fantástica que nos faz compreender aquilo que o ser humano é realmente: um ser vivo com as suas características específicas capaz de se adaptar ao ambiente que o circunda, assim como qualquer ser vivo que habite connosco este planeta, com a diferença de nós "termos a mania" que somos superiores graças a crenças antigas e ultrapassadas.