O acto de ver parece banal para o normal dos seres humanos, é apenas mais um sentido aliado ao olfacto, ao tacto, à audição e paladar (além de outros menos conhecidos e mais específicos), mas a nossa visão guarda em si um sistema muito complexo que nos obriga a admirá-lo. O próprio olho em si é um elemento resultante de milhares de anos de evolução mas este post abordará em concreto como interagem as várias estruturas cerebrais durante o processo de ver.
Vou começar por exemplificar que aquilo que, por exemplo, o nosso olho direito vê é projectado bilateralmente, ou seja, a informação somática ou impulsos visuais de cada olho, individualmente, projecta-se nos dois hemisférios cerebrais, concretamente no córtex visual, que se encontra no lobo occipital. No entanto as informações referentes ao campo visual direito são projectadas contra-lateralmente, ou seja, no hemisfério esquerdo, assim como os inputs recebidos do campo visual esquerdo são recebidos no hemisfério direito. Para clarificar esta situação, de díficil compreensão numa primeira estância temos esta imagem.
Vamos tomar como exemplo o olho esquerdo do indivíduo, direito para quem vê a imagem desta perspectiva. Como podem constatar existem dois filamentos azuis, um refere-se à imagem nasal e outro à imagem temporal do olho esquerdo. Já que aquilo que vemos cruza-se no globo ocular a visão nasal corresponde àquilo que o olho esquerdo vê para o extremo do lado esquerdo e a visão temporal do olho esquerdo corresponde àquilo que esse olho vê numa direcção mais orientada para a direita como exemplificado na figura.
Por este raciocínio a visão nasal do olho direito e a visão temporal do olho esquerdo formam o campo visual direito enquanto que a visão nasal do olho esquerdo e a visão temporal do olho direito formam o campo visual esquerdo. Seguindo os filamentos de cor é possível constatar-se porque os campos visuais são projectados contra lateralmente. De realçar também que esta informação é levada pelo nervo óptico, cruza-se no quiasma óptico, passa pelos núcleos geniculados laterais e finalmente chega ao córtex visual, situado no lobo occipital, ou parte posterior do cérebro, posterior tendo em conta uma perspectiva frontal do sujeito.
Para não tornar este post maçador vamos fazer uma pequena experiência que remete para a integração dos dois campos visuais numa só imagem.
Junte os dois dedos indicadores em frente aos olhos a uma distância de aproximadamente 10 centimetros desta maneira ---><---, tendo como fundo uma parede ou algo semelhante e os dedos à sua frente começe a focar a parede do fundo e afaste ligeiramente os dedos indicadores um do outro. Consegue reparar num dedo flutuante?
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